sexta-feira, 19 de março de 2010

TRABALHADORES PROTESTAM CONTRA ESCÂNDALO DA ASSEMBLÉIA




As vaias dos trabalhadores ontem na Assembéia foram também um desabafo em nome de todos os paranaenses aos escândalos de funcionários fantasmas e verbas públicas desviadas que podem a chegar a R$ 59,6 milhões em supersalários. O esquema foi revelado pelo jornal Gazeta do Povo e a Rede Globo. É difícil entender como o Presidente da Assémbléia Nelson Justos, também do Partido dos Democratas (DEM) (de José Arruda (DEM) e de Durval Amaral (DEM)), não sabia o que estava acontecendo debaixo do seu nariz, principalmente porque, após as denúncias Nelson Justos pediu silêncio aos deputados, conforme revela o Colunista do Blog Caixa Zero, da Gazeta do Povo. Veja abaixo a matéria.





Chega de segredo O que a imprensa (e a população) está dizendo, quase gritando, é: Chega de diários secretos! Chega de atos feitos nas sombras! Chega de segredos mantidos a portas fechadas! Rogério Waldrigues Galindo - rgalindo@gazetadopovo.com.br Às vezes parece que as pessoas simplesmente não entendem o que se espera delas. Os deputados estaduais do Paraná, por exemplo. Ficou bem claro nos últimos dias que a omissão de informações ao público é um grande mal da atual gestão da Assembleia Legislativa. O que a imprensa (e a população) está dizendo, quase gritando, é: chega de diários se­­cretos! Chega de atos feitos nas sombras! Chega de segredos mantidos a portas fechadas! Pois bem. Ontem, o presidente da Assembleia, deputado Nelson Justus, convocou uma reunião com todos os seus pares para discutir como encarar o atual escândalo. Adivinhe como foi a reunião? A portas fechadas. Uma reunião secreta! Será possível que eles não tenham entendido que é justamente a transparência que está em jogo? Que o público exige jogo limpo, feito às claras. Quando saíram da reunião, os outros deputados mantiveram o jogo de omissão de Justus. Se negaram a comentar o que foi dito lá dentro. Mais uma vez, a impressão que se tem é de que o que se fala para valer é o que é dito entre quatro paredes. Quando estão na presença do público, vem a omissão. Ou uma versão que não se tem como checar se é a mesma de minutos antes, quando ninguém estava olhando. Depois das denúncias dos diários secretos – e de todos os absurdos que estavam contidos neles – Nelson Justus anunciou a criação de uma sindicância. É seu grande trunfo contra os fatos revelados pela Gazeta e pela RPC TV: haverá uma investigação. Mas, de novo, parece que o recado não foi compreendido. Justus, como presidente da Casa (e não é presidente de agora: seu primeiro mandato data de dez anos atrás), é necessariamente um dos nomes a serem investigados. Como pode funcionar uma sindicância nomeada e capitaneada por ele? Que seja feita a sindicância, é claro. Nada contra. Mas acredito muito mais em investigações que não tenham o dedo dos investigados. Não é à toa que em casos como esses a Justiça tenha o costume de determinar, inclusive, que os dirigentes que possam estar envolvidos com problemas sejam afastados durante as apurações – até para que a lisura do processo seja garantida. Foi o que aconteceu ontem. O Ministério Público disse esperar que Bibinho, o famoso homem forte da Assembleia, seja afastado do cargo. Se a Assembleia não o fizer por conta própria, uma requisição formal será feita para que ele deixe o cargo. Isso é transparência. Isso é uma investigação. Não se trata de determinar culpa previamente, mas, sim, de garantir que as coisas sejam feitas com isenção. A boa notícia de ontem veio com uma certa mudança de tom no discurso de Nelson Justus. No primeiro dia, ao se pronunciar, disse aos colegas que ficassem tranquilos. Ontem, depois de denúncias cada vez mais graves, depois de duas edições da Gazeta com acusações sérias, depois de dois dias de matérias na tevê, inclusive no Jornal Nacional, parece que a ficha finalmente caiu. Justus deixou a tranquilidade de lado. Falou com mais seriedade. Ainda é muito pouco, mas parece um bom começo. Mas, para dizer a verdade, os próximos passos parecem que pouco vão depender da vontade de Justus. O presidente teve bastante tempo para ver o que havia de errado no Legislativo. Agora, a palavra está com o Ministério Público e com as outras autoridades que vão investigar o caso. Depois de tudo acabado, espera-se que o clima na Assembleia seja outro. Mais leve, mais transparente. E com portas abertas para quem quiser saber o que está acontecendo.

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