sábado, 12 de setembro de 2009

Mídia: Rastrear o dinheiro...para encontrar a verdade

Enquanto o Brasil prepara-se para a instalação da Confêrencia Nacional de Comunicação, onde se pretende debater e sugerir novos marcos regulatórios para a mídia, na Argentina, segundo o jornalista Paulo Henrique Amorin, "o grupo de comunicação Clarín, que se insurgiu contra uma operação da Receita Federal argentina, realizada ontem na sede da empresa, é diretamente afetado pelo projeto que regula as comunicações, enviado ao Congresso daquele país pela presidente Cristina Kirchner.

Desde o envio do projeto, nos últimos dias, aumentou a temperatura do confronto entre os principais conglomerados da mídia, como o Clárin, e o governo Cristina Kirchner. “Esse confronto já era previsível”, afirma o jornalista Dênis de Moares, professor do Departamento de Estudos Culturais e Mídia da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Em entrevista por telefone a Paulo Henrique Amorim, Dênis de Moraes ressaltou que o projeto do governo muda radicalmente a concentração da mídia na Argentina. A proposta, de 21 pontos, foi elaborada a partir da discussão com empresários, trabalhadores da comunicação e mães da Praça de Maio, entre outros grupos sociais envolvidos. As audiências populares, em várias ocasiões, foram presididas pela própria Cristina Kirchner.

Entre as medidas propostas, há a proibição de um mesmo grupo empresarial concentrar atividades nos diferentes meios de comunicação – jornal, rádio, TV, revistas e internet, além da limitação ao número de emissoras de TV e rádio que cada grupo poderá manter.

E no Brasil, questiona-se o "modus operandi" do jornalismo que negocia com o Poder Público para dar, através de seu jornalismo "isento", apoio para este ou aquele político de plantão, como explica Altamiro Borges: "Quanto aos recursos públicos, seria necessário apurar as compras milionárias do governo tucano de José Serra das publicações da Abril. O Ministério Público Federal inclusive já abriu processo para investigar o caso suspeito. No embalo, poderia averiguar as recentes denúncias do jornalista Carlos Lopes, editor do jornal Hora do Povo. No artigo intitulado O assalto do grupo Abril aos cofres públicos na venda de livros do MEC, com base em dados do Portal da Transparência, ele mostra que “nos últimos cinco anos, o Ministério da Educação repassou ao grupo Abril a quantia de R$ 719.630.139,55 para compra de livros didáticos. Foi o maior repasse de recursos públicos destinados a livros didáticos dentre todos os grupos editoriais do país”.

A urgência da CPI da mídia

“Nenhum outro recebeu, nesse período, tanto dinheiro do MEC. Desde 2004, o grupo da Veja ficou com mais de um quinto dos recursos (22,45%) do MEC para compra de livros didáticos... O espantoso é que até 2004 o grupo Civita não atuava no setor de livros didáticos. Neste ano, o grupo adquiriu duas editoras – a Ática e a Scipione. Por que essa súbita decisão de passar a explorar os cofres públicos com uma inundação de livros didáticos? Evidentemente, porque existe muito dinheiro nos cofres públicos... O MEC, infelizmente, está adotando uma política de fornecer dinheiro público para que o Civita sustente o seu panfleto – a revista Veja”.


Nos municípios, seria interessante rastrear se as posições políticas dos média correspondem ao respectivo incentivo governamental. Ir atrás do dinheiro, revelar quanto ganham, e se é o cidadão é que tem que pagar para ouvir só um lado da história. Que um político faça um panfleto para falar bem dele mesmo, tudo bem. Agora, utilizar dinheiro público para falar mal dos outros, travestindo isso de notícia...além de crime, é covardia. Mas tudo tem sua hora, e a história é dinâmica: afinal, quem diria que a Globo, um dia, iria falar mal do Sarney?

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