terça-feira, 23 de agosto de 2011

Entrevista vereador Nelsão: “O povo tomará posse novamente”

Com seus familiares, o vereador Nelson Silva de Souza, o Nelsão, recebeu a notícia de que a Justiça devolveu-lhe o mandato cassado por motivos políticos. Em entrevista para o blog, Nelsão fala sobre a decisão e sobre o seu futuro político:

Blog do Nelsão – Como o senhor recebe a notícia de que a Justiça lhe restitui os direitos políticos?

Nelsão – Com muita alegria, porque o mandato não é meu, mas de todos os campolarguenses que me conferiram a maior votação da história do município. Principalmente os mais humildes, aqueles que sempre defendemos em nosso mandato. Não vai ser o vereador Nelsão que vai voltar à Câmara, mas o povo.

Blog do Nelsão - Como avalia este período em que foi alvo de pesadas críticas de seus adversários?

Nelsão – Eu não tenho mágoa de ninguém. Acho que política não se faz com mágoa, mas olhando para frente. Agora a Justiça reconheceu todas as falhas no processo, e isto vai ser um desgaste para nossos adversários. Houve depoimentos contraditórios, de gente que afirmou uma coisa e depois disse outra. Houve provocação de todo tipo e colaboradores nossos foram caluniados sem merecerem. Mas nós temos um grupo forte, que suportou toda injustiça, e isto nos fortaleceu ainda mais. Ganhamos novos aliados, porque fizeram questão de dividir a cidade em quem era a favor e contra nosso mandato. Sinceramente, eu quero agradecer a todos que manifestaram apoio, porque não esqueço quem se mostra solidário nas horas mais difíceis...

Blog do Nelsão – E quais são os planos para o futuro?

Nelsão – Pretendemos virar a página. Nosso mandato ficou paralisado durante todo este processo. Nos anos passados apresentamos projetos importantes, tentamos ter uma participação ativa na fiscalização do Executivo e apresentar emendas ao Orçamento. A população tem razão quando critica a falta de projetos e a omissão do Legislativo. O vereador ou a vereadora não tem mandato para ficar barganhando obras para seu “curral eleitoral”. Seu papel é mais importante, mesmo que sofra retaliações por isso. Às vezes o povo não entende. Acha que o papel do vereador é somente arrumar anti pó. Pois nós não vamos fazer “acertos” políticos para conseguir isso. O que entendermos que seja do interesse da população votaremos a favor, o que entendermos ser prejudicial, votaremos contra, como sempre fizemos.

Blog do Nelsão – Como fica sua relação com o Prefeito Edson Basso, do PMDB?

Nelsão – Nosso mandato entende que não houve vontade política do Partido em nível local para nos defender. Fomos vítimas de uma cassação política e todo mundo sabia disso. A população sabia disso e podem obrigar a todos os servidores públicos a votarem em enquetes furadas, que isto não vai mudar a realidade. A população conhece quem a defende. Neste período, enfrentamos todos os meios de comunicação do Município que recebem verbas institucionais. Fomos julgados primeiro pela imprensa, sem direito de defesa. Mas nossa relação com o prefeito será, como sempre foi, em nível institucional. Nunca pedimos vantagem nenhuma para votar a favor de seus projetos, mas sofremos retaliações quando votamos contra. Então, não sou eu quem decide como vai ser a relação com o prefeito: ele que deve agir como achar melhor e eu vou agir como sempre agi, com a minha consciência, em defesa dos interesses populares, pela regularização fundiária, que ainda não saiu do papel passado já quase três anos de mandato, e outras bandeiras fundamentais do nosso mandato.

Blog do Nelsão – Qual a sua mensagem para a população de Campo Largo?

Nelsão – Primeiro de agradecimento. Segundo, de união, sem revanchismos. Campo Largo precisa parar de fazer política na base da vingança, de golpes baixos. Podemos ser adversários sem apelar para a baixaria. Recebi apoio de outros partidos, de pessoas que tem interesses políticos que podem ser até diferentes, mas que se comportaram a altura, com respeito e solidariedade. E eles terão reconhecimento por isso, meu e da população de Campo Largo. Temos que pensar primeiro no município, depois nas diferenças pessoais. Isso não quer dizer que devemos nos calar quando vemos que as coisas estão erradas. A população tem direito de cobrar e não levar uma paulada por isso. Vejam agora o caso do Conselho Tutelar. Será que o pessoal que está ligado à administração da cidade não tem um pingo de consciência? Quiseram jogaram toda a população contra os conselheiros, mas na hora de aprovar, este ano, o projeto que ampliava o Conselho e dava estrutura para os conselheiros trabalharem, o Executivo não quis e a maioria da Câmara rejeitou a grande parte de nossas emendas que pretendia dar melhores condições para que eles pudessem trabalhar, justamente para evitar a sobrecarga, a má remuneração, a falta de infraestrutura. Mas o projeto enviado pelo Executivo visava essencialmente um maior controle “político” sobre os conselheiros, mas não falava em estrutura, em recursos, em melhorar as condições de trabalho. Falava em “punir”. Então, não é de hoje que parte dos (as) vereadores (as) e da Administração estão incomodados com o Conselho Tutelar. Mas quem sabe as condições de trabalho dos conselheiros? Foi feita alguma reportagem? A administração divulgou? Não! Não é do interesse. Mas nós sabemos. Sabemos por que acompanhamos o excelente trabalho que realizam, mesmo sem estrutura. Agora, os conselheiros estão relatando casos de ameaça, de intimidação, anônimas. E se um Conselheiro sofrer alguma agressão? Como já receberam ameaça de que o carro que utilizam seria apedrejado? Quem vai ser o responsável por isso? Por incitar, por motivos políticos, a população contra o Conselho? Isso era um problema que teria que ser decidido internamente, sem expor ninguém, muito menos uma instituição. É uma falta de responsabilidade completa. O Conselho Tutelar é constantemente atacada por aqueles que ainda não entenderam qual é a sua função. Mas o Conselho Tutelar não teve nem oportunidade de se defender. Quem viu aí alguma iniciativa do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente ou da Administração no sentido de fazer uma cartilha, de divulgar os trabalhos do Conselho ou explicar a sua função? Uma cartilha dizendo quanto um Conselheiro recebe e qual a verba destinada a ele? E quando quisemos apresentar emenda para que fosse destinada uma verba maior para o Conselho Municipal da Criança e do Adolescente (não confundir com Conselho Tutelar), que devia ter uma função ativa nas políticas públicas para este setor, sabe o que ouvimos de pessoas na Câmara ligadas à Administração? Que o Conselho Municipal da Criança e do Adolescente “só servia para tomar cafezinho”. E se a maioria do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente só serve para tomar cafezinho, isso é culpa da administração municipal, porque tem paridade nos representantes lá. Então, que tipo de política é essa? Querem calar a todos que pedem avanço na administração na base da intimidação? Porque os Conselheiros estavam pedindo mais vagas para crianças nas creches? Porque Campo Largo precisa, sim, de mais creches? E fazem isso sem que seja dado oportunidade de defesa? Primeiro massacram pela imprensa, depois retaliam sem dar direito ao contraditório? E a imprensa nem ouve o outro lado? Pois vão ter que ouvir. Quantas clínicas para recuperação de menores em situação de risco existem em Campo Largo? Qual o Orçamento? Quantos CAPs? Existe somente um CAPs para atender a situação especial no caso de dependentes químicos, com uma demanda cada ano maior e insuficiente para atender a todos. E não é internamento, é atendimento emergencial e não é só para crianças e adolescentes, e sim para toda a população. Quais as políticas públicas para as crianças e adolescentes em nosso município? Quais as verbas? Nós criticamos isso no Orçamento deste ano e não fomos ouvidos. A maioria dos (as) vereadores (as) não quiseram nem saber. E depois que acontece uma desgraça, a corda arrebenta do lado mais fraco politicamente? Mas enquanto eu for vereador isto não vai acontecer. Na hora de votar emendas que destinem mais recursos para a Criança e o Adolescente ou para o Conselho Tutelar, o Executivo manda uma mixaria e a maioria dos (as) vereadores (as) não diz nada. Depois querem fazer CPI quando acontece uma desgraça? Depois apresentam projetinho disso, projetinho daquilo, para fazer firula, para aparecer na foto, para fazer demagogia, mas recurso que é bom não tem, não aprovaram, e nem abriram a boca para cobrar. Então, que tipo de oposição ou situação é essa? Se eu fosse o prefeito, chamaria os Conselheiros, iria conversar com eles primeiro. Mas o prefeito fez isso? Algum (a) vereador (a) fez isso? Alguém saiu pelo menos exigindo o direito de defesa dos conselheiros? Eu não vi. É claro, como um vereador, o conselho também foi eleito, e parece que o jeito escolhido para enfrentar as pessoas eleitas que fazem reivindicações em nosso município é calando a boca de qualquer jeito: incentivando o linchamento moral, colocando em risco a vida das pessoas, denegrindo, sem dar direito à defesa. Por isso, Campo Largo tem que mudar. O tempo do coronelismo, já passou. Se fazem isso com um vereador, com um Conselho eleito, o que não farão com um cidadão comum? Os cidadãos e cidadãs, as instituições, devem ser incentivados a reivindicar e não ficar com medo de sofrer retaliação por que estão cobrando um direito constitucional. Felizmente, existe a justiça de Deus e a justiça dos homens. E podemos confiar nelas. Obrigado, obrigado população de Campo Largo.

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