sexta-feira, 1 de abril de 2011

Artigo de Nelsão: O CORO E O DECORO



Em coro, os porta-vozes dos grandes grupos de poder, pediram a minha cassação em canais de comunicação. Sim, as imagens comprovariam tudo. "Linchado" publicamente nas manchetes, colocaram até quadro a quadro o instante da suposta agressão, mas não colocaram o "quadro a quadro" do antes e do depois. O depois, quando vereador supostamente atingido continua agindo normalmente, sem dar indícios físicos da suposta agressão, nem ao menos sentindo o impacto ou demonstrando qualquer outro sinal de que foi agredido. O antes, os gestos intimidatórios e a agressão. Não querem nos julgar por imagens? Então vamos esmiuçá-las. Ora, o que seria mais poderoso do que a mídia? Ela julgou, conforme notícia enviada por uma das partes interessadas, deu o veredito e pronto. Para que levantar hipóteses? Para que entender todas as circunstâncias?
Falam em decoro, mas não seria falta de decoro negar documentos públicos quando solicitados por um vereador, e recorrer para negar estas informações, ao setor Jurídico - que estava exatamente sendo denunciado pelo vereador Darci Andreassa, nossa liderança de partido na Câmara, de acumular cargos em dois órgãos públicos - com um parecer sem fundamento conforme foi denunciado pelo próprio vereador? Isso não dá capa de jornais? Manchete? Não foi filmado? Não seria “violência” contra os princípios da transparência que deveriam nortear todos os servidores do Povo e ser alvo de crítica dos meios de comunicação locais tão indignados com as questões do Decoro? O que se disse sobre isso? Enviaram para a imprensa nacional?
E a denúncia infundada vinculada aos meios de comunicaçao através de notícia enviada por adversários políticos de que o voluntário era funcionário da Casa, e estava recebendo salário cumulativo, inclusive confirmada em entrevista pelo presidente da Casa nos meios de comunicação, sem prévia verificação dos fatos? Afinal, o ativista ajudava como podia, voluntariamente, muito antes de que existisse cargos de assessores para meu mandato nesta Casa. Será que não verificaram isto? Enquanto a imprensa estadual e nacional preservou o nome do ativista, porque já havia informações de que a notícia era improcedente, os jornais de Campo Largo insistiram na versão, sem desmenti-la, precisando que eu explicasse os fatos em nota. Sequer verificavam se seu nome estava no quadro de funcionários da Casa. E a maneira como foram obtidas as informações seriam legais para um advogado e parlamentar? Como foram usadas? No sentido de prejudicar a imagem de uma pessoa a qual levou uma vida inteira para construir lutando contra uma enfermidade que agora foi exposta de forma preconceituosa e difamatória com a divulgação e distorção de um laudo? Informaram até seu salário, colocando sua vida em risco, no mundo em que vivemos! E seu estado emocional e de sua família? Quem irá reparar esse dano? E a invasão em Plenário de assessores que visivelmente me agrediram? E a agressão de "segurança particular"? E a "invasão" de funcionário público, dentro do recinto dos vereadores? Não estavam presentes nas “imagens”?
E se houve premeditação e incitação de todos os lamentáveis acontecimentos? Quem investiga? O Ministério Público? Em quais jornais foram colocados estes fatos? Nenhum. Apenas o julgamento sumário e pronto. Apareceu em nível nacional e pronto. Então, resta perguntar, no meio disto tudo: o que é Decoro? Seriam simplesmente as poucas linhas que estão no Regimento Interno? O que de fato é incompatível com a função de um vereador ou vereadora?
Pois que se convoque, de fato, os cidadãos de Campo Largo para que julguem o que é falta de Decoro, de bom senso, de conduta parlamentar. Seremos os primeiros a fazê-lo e já existe uma grande movimentação neste sentido a nosso favor. Ou acreditam que o povo seja incapaz de julgar por si mesmo? Que se faça então um amplo debate não só das imagens, mas de todas as circunstâncias que envolveram os acontecimentos, e ai vamos ter, de fato, um verdadeiro veredito.
Em documento, o coletivo do mandato já expôs em detalhes minha atuação ao longo de dois anos como vereador. Mas é bom que lembrar também que quando nem havia mecanismos de transmissão das Sessões na Câmara, fui o primeiro a perceber a importância disso e colocá-las em meu blog. Depois, quando instalaram a transmissão das sessões pela internet, também fui o primeiro a defendê-la e critiquei quando foram suspensas. E os demais, o que fizeram? Quebraram o decoro, num momento de indignação, reagindo contra a medida que, naquele momento, achei equivocada? Ou se omitiram? Os jornais locais o que disseram? Se omitiram? Foram enviadas notícias para a imprensa nacional? Nem nós enviamos, porque acreditamos que as decisões devem partir do conjunto da Casa e da população. Não era de nosso interesse expor individualmente este ou aquele, ou o Legislativo. Essa mesma transmissão de internet que agora foi usada contra mim, sem possibilidade do contraditório.
O nosso compromisso desde o início do mandato foi o da transparência. E por que outros não a tiveram? Esquecem que foi a partir deste mandato que começou a se tornar público o que acontecia na Câmara pela primeira vez na história do Legislativo de nossa cidade, e não só através de canais pagos que colocam, claro, a versão de quem os patrocina. E não há nenhum mérito por isso? Foi notícia de jornal, um esforço grandioso em favor da transparência? Não foi. Claro que não foi. Uma linha sequer.
A imagem de que sou um homem violento e incapaz de me situar em circunstâncias socais não condiz com o perfil de vereador eleito o "mais atuante" no meu primeiro ano de mandato. Não condiz com a busca da transparência, de independência do Legislativo, do fim de negociatas, da crítica aos projetos que no meu entender prejudicavam os campolarguenses, fossem de quem fossem. Por isso, fui alvo de críticas, muitas vezes, sem possibilidade de expor minhas razões de forma proporcional e justa, num objetivo claramente tendencioso: manchete e pronto! Esta imagem que de mim querem empurrar goela abaixo dos cidadãos de Campo Largo, não condiz também com meus pronunciamentos em favor das camadas mais simples da população. Não condiz com o companheirismo, com a postura de agradecimento e solidariedade que tive com meus pares, independentemente das circunstâncias políticas. E de crítica também, quando julguei que mereciam, afinal fui eleito para isso, para defender a população.
Então, o que de fato estaria por trás da suposta imagem de "agressividade" que quiseram a todo custo construir? O fato de que perceberam de que fico indignado com qualquer injustiça? Que defendo os trabalhadores, os amigos, o povo mais simples? Pelo fato de que não admitem que, por eu ter vindo da periferia, falando este português com dificuldade, tenha sido o vereador mais votado na história de Campo Largo? Que esteja crescendo politicamente com a busca de soluções de problemas que nunca antes tinham sido levantados por ninguém das chamadas "elites", dos grandes grupos dominantes, com toda sua cultura e experiência: a regularização fundiária, a questão da BR 277 em adiantado estado de negociação, a busca de pareceres sólidos que impedem votações equivocadas, a exigência de transparência, as emendas ao Orçamento e projetos, a denúncia de irregularidades, da situação precária de alguns dos serviços essenciais ao cidadão de Campo Largo e a apresentação de projetos, entre outras coisas pelas quais lutei. Isso foi algum dia manchete de jornal? Basta verificar. E será que este crescimento não incomoda muita gente que coloca "armadilhas" no caminho, contando com a cumplicidade dos aliados que os pagam? Será que o "homem manso" também não oprime psicologicamente? Será que sua omissão não é igualmente agressiva? Será que não se veste uma capa de cordeiro? Será que não seria necessidade uma gigantesca "fábrica de aparências" para tentar impedir o que de fato a população de Campo Largo quer e precisa: pessoas que defendam princípios com unhas e dentes? A quem serve o falso moralismo de esconder-se atrás de uma aparente pacificidade, até mesmo da religião e de discursos comportados, bonitos até, mas que na hora votação, votam contra o povo? Ou vão tirar também o direito do povo ir às ruas e gritar por transparência, de exigir seus direitos, de mostrar sua indignação diante de suas necessidades? Ai o povo também estará quebrando o decoro? Ai o povo não estará sendo "cordeiro" como dele se espera? Serão linchados como baderneiros? Como “violentos”? Ou é melhor que tudo fique como está? Será que os campolarguenses estarão de fato contentes com todos os seus representantes, ou será que estão descontentes somente com aqueles que tentam mudar as coisas?
Há muita coisa para ser julgada além das aparências. Não se julga uma pessoa apenas por um momento, por uma imagem parcial. Julga-se uma pessoa por tudo que ele é e representa durante uma vida inteira. Quem me conhece, em minha região e no Município, sabe como eu sou, quando estou às 4 horas da manhã na porta de uma fábrica, ou no meio da noite para socorrer quem de mim necessita. E tenho o meu jeito que talvez não se enquadre na hipocrisia reinante nos meios políticos. De onde vim, a vida foi dura, não tive tempo de vestir a “plumagem” que de mim exigem. Até os meus assessores brincam comigo, porque “ordenhei” o Bispo numa sessão, usando uma palavra errada. Porque digo “vinheram”. Que as vezes falo errado ou demais. E eu reconheço que tenho muito que aprender e melhorar, mas o que não podem me chamar é de desleal, de covarde e omisso.
Por outro lado, mesmo sem incomodar publicamente autoridades, que tem mais o que fazer do que julgar cenas de momentos de exasperação, que afetam a todos, temos recebido apoio de inúmeras pessoas de bem: parlamentares, autoridades públicas, pessoas de bem, moradores, lideranças comunitárias e religiosas.
Meu mandato tem sugerido que tomemos uma postura civilizada diante dos acontecimentos, mesmo sob ataques constantes, muitos deles parciais e injustificáveis. Ao invés do revide, que se busque o entendimento. Ao invés da opressão, seja ela física ou psicológica, ou de qualquer natureza, apelarmos para a razão, para o bom senso. Parece, no entanto, que não estamos sendo bem entendidos: se por esta postura, muitos pensam que estamos encurralados e iremos subir ao palco do linchamento sem oportunidade de defesa, vão ter uma bela surpresa.

Nelson Silva de Souza - Vereador

Campo Largo, 31 de março de 2011

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