quinta-feira, 31 de março de 2011

Para descontrair, um pouco de futebol e poesia: Ode ao Mané!




Ode ao Mané

O menino que sonha e brinca,
e voa no campinho de terra, nasceu com asas,
para compensar os pés descalços...!
Samba a bola, prá lá e prá cá e ninguém mais acha...
Passa por um, passa por dois: o zagueiro malandro simula a falta...
Não podem pará-lo com a bola no pé?
Ganha no tapetão, ué? Ganha no tapetão!
- Estava impedido! Gritam, fazendo pressão no juiz!
Por que tanta simulação? - esbraveja a torcida a favor!
Dribla o jornal, ´
dribla o cartola,
dribla o comentarista comprado,
o narrador tendencioso...
A torcida levanta: Mais um! Mais um!
A distância do alambrado é pequena, e suas pernas tortas comovem:
Como é que pode!? Como é que pode!?
O lateral sem arte, provoca no canto do campo,
longe dos olhos do juiz e das câmaras!
Arrumam um cartão amarelo!
Sua missão é deter o impossível! Ele bem sabe!
O técnico planejou tudo: não podem na bola?
Provoquem a expulsão, ele tem o sangue quente!
Claro, não é uma barata de Kafka!
Não é uma traça de cartório!
Não é um homem sem honra!
Ele é a gente jogando!
Inclusive falando errado
(Fominha, podia passar a bola antes!
Já disseram: adianta?)
Ele é como nós, inclusive com nossos defeitos
e virtude extremadas.
Mas tem peito, tem fibra!
É o que é! É como nós somos!
É Mané, sem firula, sem rodeios.
Podem rir! Ele nos faz rir!
Não existe lugar para todo o povo dentro deste campo,
por isso só jogam 22...
Mas e depois? O Estádio ficará sem alma?
Quem fará o espetáculo?
E agora José? Cartola cicrano? Burocrata beltrano,
com seus discursos bonitos?
Preferimos o Mané, simples como ele é!

Ele sabe que só passa se o zagueiro colocar o pé,
Por isso cisca na frente, puxa, protege o corpo,
Até que o beque burocrata se arrisca: nem viu, já foi!
Cuidado, jogada perigosa, senhoras e senhores:
é um time de gente simples, que nasceu pra brilhar!

E porque temem tanto a alegria
e os Garrinchas?
Ciúmes do povo que os admira,
das vilas, dos becos, favelas?
dos bairros distantes?
Sabem, o povo é assim,
mas o povo fala o que sente!
Não tem lugar para um livro assim na sua estante?
Então, você não conhece nada da vida!
Cuidado, jogada perigosa, senhoras e senhores:
é um time de gente simples, que nasceu pra brilhar!

O jogo chato, o placar arranjado,
acalma os jornais!
Estão satisfeitos com o zero a zero,
quando todos ganham nas apostas.
Deus me livre, um escândalo!
Escândalos? Só os escondidos,
nas saletas e corredores, nos acertos dos cartolas!
Escândalo público é para gentinha!
Quem perde a paciência
com tanto teatro é gentinha!
Quem estudou e fala mansinho,
pode falsificar até a súmula do jogo
e não dá nada. Todos se calam!
Que horror, é uma pessoa que sente!
Que dribla, que ginga!
Um homem do povo!
Que não pode ser comprado!
Nem desabafar não pode!
Nem ser humano não pode!
As baratas de Kafka, só sabem roer os livros
das regras que só servem para eles mesmos!
Baratas de Kafka, nunca jogaram futebol
e por isso, nem podem falar dele.
Não sabem do calor da partida!
Nunca pisaram num gramado!
São apenas comentaristas comportados
com o sistema que lhes protege:
sem ousadia, sem arte, sem vida.
O que seria uma partida assim?
Cadê o riso do povo?
Cadê a alegria da festa?
A polêmica dentro da área?
Cadê o drible, o gol?
Até o debate acalorado?
Foi pênalti? Não foi? Quem simulou?
Mas não o escalem para este time,
que acerta o resultado do jogo,
antes mesmo de entrar em campo,
e fazem de palhaços, a torcida!
O troco, dará a vida! O troco, dará a vida!


Obrigado a todos que querem ver a arte
E, se em algum momento, o jogo ficou feio
É porque zagueiros não sabem driblar!
Destruir é mais fácil que criar!
Cuidado, jogada perigosa, senhoras e senhores:
é um time de gente simples, que nasceu pra brilhar!

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