domingo, 4 de outubro de 2009

MORADORES DA FERRARIA REALIZARÃO PROTESTO CONTRA ORDEM DE DESPEJO

Está marcado para amanhã (6), às 14 H, em frente ao Fórum de Campo Largo, um protesto dos moradores do Jardim São Lucas, bairro Ferraria, contra a Ordem de Despejo que prevê a saída das famílias do local em 30 dias. Ao todo, nove famílias foram notificadas, mas outros moradores do bairro vão aderir ao protesto, já que a maioria do bairro é composta de áreas irregulares e há o temor de que este seja o início de um processo que conjuga interesses da especulação imobiliária, juntamente com a omissão do Poder Público, no sentido de que áreas consideradas “nobres” da Região sejam destinadas a construção de condomínios fechados. As famílias que moram nestas áreas, e são compostas de pessoas humildes, com mulheres e crianças, vivem um drama e afirmam que vão resistir à ordem de despejo (ver vídeo). A maioria dos moradores não assinou a Ordem de Despejo dos oficiais de justiça. Em apenas um caso, a imobiliária procurou uma família para fazer um “acordo”.
Na pauta de reivindicação dos moradores, além da revisão do processo dos moradores do Jardim São Lucas, está uma solicitação ao Poder Executivo de explicações sobre as medidas que serão tomadas pelo Prefeito neste caso específico e com relação a outras áreas consideradas irregulares na região, e a cobrança, junto ao Ministério Público, da responsabilidade da AZ no caso dos loteamentos supostamente irregulares realizados pela imobiliária.

Área de fundo de vale será transferida para imobiliária

O vereador Nelson Silva de Suza (PMDB), que é morador da região e foi chamado para intermediar as denúncias dos moradores, também compartilha com esta visão do interesse imobiliário sobreposto à condição social das famílias: “Os interesses imobiliários confundem a opinião pública com o discurso do interesse ambiental, e pretendem desapropriar famílias que moram de quatro há nove anos no local, mas nunca foram ouvidas nos processos. E qual o interesse da imobiliária AZ em áreas de fundo de vale?”, pergunta. Nelsão também critica a omissão do Executivo Municipal: “Por que o Poder Público não tomou providências para realocar estas famílias? Por que a base aliada do prefeito recusou emendas no Orçamento para a destinação de recursos para a legalização fundiária, que é um dos principais problemas de Campo Largo? ”, indaga o vereador.

Nelsão lembra que a imobiliária AZ seria responsável por inúmeros loteamentos considerados “irregulares” na região e, no entanto, processos contra esta prática numa tiveram curso no poder Judiciário, por imobilidade dos Executivos e desinteresse da Promotoria Pública: “Não podemos deixar estes moradores humildes nas mãos de interesses financeiros e da passividade do Executivo e do Judiciário, porque a lei não pode funcionar só para os pobres”, afirma o vereador.


MORADORES PROMETEM RESISTIR

“Não vão nos expulsar daqui como cachorros. Inclusive, nós procuramos há tempos a imobiliária para comprar os terrenos e eles afirmaram que venderiam, mas não podiam dar escritura, e os terrenos podiam ficar no nome de somente um morador”, afirma Sebastião Cardoso, que mora há nove anos no local. Como já existiram casos de desapropriação com a utilização de força policial no bairro, outros moradores, que não foram notificados, afirmam que vão se somar à luta dos vizinhos: “Hoje são eles, e só nós ficarmos calados, amanhã seremos nós”, afirma Adolfo de Moraes, que não corre perigo porque não recebeu nenhuma notificação judicial, mas mora na mesma rua aonde outros moradores receberam a Ordem de Despejo.
O resultado da ação de despejo pode provocar uma reação em cadeia no bairro, pois a maior parte da região é composta de áreas irregulares: “Espero que as autoridades estejam cientes do que está em jogo neste caso. Não se trata de 9 famílias, trata-se da legitimação de um processo de expropriação sem direito à defesa dos moradores”, explica o vereador. Nelsão afirma estar inconformado com a omissão do Executivo: “Estes moradores acreditaram na sensibilidade social do prefeito Edson Basso (PMDB), inclusive muitas casas ainda estão com as placas de nossa candidatura em apoio ao prefeito (ver vídeo), e agora não tem a quem recorrer”, desabafa. O vereador afirma já havia solicitado inúmeras vezes, sem sucesso, através de ofícios na Câmara, o mapa dos projetos de regularização fundiária da região para o Prefeito Edson Basso: “Já pedimos inúmeras vezes estes projetos, que nos foram negados. Concordamos com a preocupação ambiental no Município, só não concordamos que empresas particulares se beneficiem deste discurso e o Poder Público não tome providências de cunho social com relação a estes moradores. Procuramos o Ministério Público e vamos procurar novamente. Não vamos abandonar estas famílias a própria sorte”, diz.


Assista no vídeo, o drama dos moradores e moradoras do Jardim São Lucas

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