quarta-feira, 7 de outubro de 2009

DESPEJO DO JARDIM SÃO LUCAS-FERRARIA: JUSTIÇA E EXECUTIVO AFIRMAM ESTAR AO LADO DO POVO








Em protesto pacífico realizado nesta terça-feira (6) (foto 5, de cima para baixo), em frente ao Fórum de Campo Largo, os moradores e moradoras do bairro Ferraria, particularmente aqueles ameaçados de expulsão sumária de suas casas no Jardim S. Lucas no prazo de 30 dias, tiveram um alento: uma comissão de moradores (4ª foto,de cima para baixo), incluindo o vereador Nelson Silva de Souza e a presidente da Associação de Moradores do Santa Ângela, Kelly Cristina e S. Lucas, Fernanda Queiroz, além da imprensa do mandato, foi recebida por autoridades do Judiciário e do Executivo, e ouviram a promessa de que será aberto uma canal de negociação e o prazo do despejo prorrogado até que se ache uma solução para o problema.

Estamentos x sensibilidade social

A promessa de criação de uma comissão para analisar o problema partiu do meritíssimo Álvaro Luis Torrens (3ª Foto de cima para baixo), promotor há 25 anos e Titular da 2ª Promotoria no Fórum Regional de Campo Largo. Atuando há tanto tempo em Campo Largo, o meritíssimo juiz Torrens mostrou-se familiarizado com o problema da regularização fundiária e afirmou que a Justiça não está contra os moradores e a população. Mesmo com o processo já julgado, Torrens pediu que a advogada dos moradores, Dra. Laila de Lara, protocolasse uma solicitação para que haja uma intervenção de sua parte no processo, prorrogando o prazo do despejo até que se ache uma solução para o caso: “A justiça não está a serviço dos ricos, e tem sensibilidade social”, disse o juiz. Torrens elogiou o procurador-geral da Justiça, Olimpio de Sá Souto Maior, com relação ao esforço que estaria existindo por parte das autoridades do Judiciário no sentido de avançar em temas de interesse social como esse: “Este é um homem que também está do lado de vocês”, disse.

O representante do Executivo, chefe de gabinete do prefeito Edson Basso, Paulo Sabin (2ª foto de cima para baixo), também se mostrou solicito em achar uma solução para o despejo dos moradores: “Não mediremos esforços para encontrar uma solução”, disse o representante do prefeito.
Entre os representantes da comissão que foi recebido pelas autoridades, estava o morador do Jardim São Lucas, Sebatião Cardoso, que afirma nunca ter sido ouvido ou intimado em nenhum processo, nos nove anos que mora no local: “Nunca fui intimado, ou notificado”, afirma o morador, que atualmente esta desempregado e aguarda junto ao INSS o recebimento do salário doença pois encontra-se incapacitado.

As palavras dos representantes do Executivo e do Judiciário, por enquanto, nos fazem rever os conceitos do stablishmente (sistema) e a teoria dos estamentos de Gramsci, os quais colocam o Judiciário e o Executivo como instrumentos a favor das classes mais favorecidas.
O vereador Nelsão (foto 1, no caminhão) emocionou-se no discurso feito em frente ao Fórum, diante de um público de mulheres, crianças e idosos: “Agradecemos e acreditaremos no empenho do Judiciário e do Executivo. Acreditaremos que estarão realmente do nosso lado e que se empenharão numa solução para resolver o problema não só destas famílias, mas de todos aqueles que ocupam durante décadas as áreas da Ferraria, sem uma solução judicial favorável. Mas caso falhem todas as tentativas...nós vamos resistir, e não vamos deixar que um só morador tenha seus direitos desrespeitados”, disse. Nelsão afirmou saber o que é não ter uma casa para morar, pois quando veio do norte do Paraná passou pela mesma situação, e foi às lágrimas durante o discurso.

Ausência dos vereadores

Nelsão lamentou que outros vereadores e vereadoras não tenham se somado a luta pelos moradores da Ferraria, quando estes mais precisavam: “Esta não é uma luta do Nelsão, mas uma luta de todos aqueles que querem justiça social. A população da Ferraria saberia reconhecer aqueles que se posicionam ao seu lado num momento difícil como esse”, disse. Diante do caráter pacífico da manifestação, Nelsão lembrou do compromisso social do Legislativo: “O Executivo mostrou boa vontade e o Judiciário nos atendeu. A Câmara de Vereadores ainda não se pronunciou oficialmente, e estaremos solicitando à presidência da Casa, uma comissão para acompanhar este processo. A Ferraria não é um feudo, nem curral eleitoral de ninguém. Não estamos interessados em politicagem, queremos saber que está contra e quem esta a favor dos moradores. E divulgaremos isto em nosso jornais e meios de comunicação”, disse.

Imagem da AZ

Com o compromisso firmado de que será enviado um convite para que a AZ participe das negociações, Nelsão afirmou que os moradores estão dispostos a entrar num acordo com a imobiliária: “Sabemos que a empresa tem bons advogados. Mas além deles, a AZ terá que contar, caso se recuse ao diálogo, com uma boa estratégia de markting para reverter a imagem de uma empresa que ocupa fundos de vale e despeja moradores humildes, porque hoje os clientes das empresas também levam em conta a responsabilidade social. E neste caso a parte legal também deve levar em conta aspectos de direito social e ambiental”, argumentou.

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