domingo, 28 de março de 2010

NELSÃO: CARTA AOS (AS) MORADORES (AS) DE CAMPO LARGO

PRECISAMOS APROVEITAR A VOCAÇÃO NATURAL DO MUNICÍPIO DE CAMPO LARGO

O mundo está sendo obrigado a mudar a sua visão sobre o meio-ambiente, muitas vezes entendido como um impecílio ao desenvolvimento. O modelo do crescimento a qualquer custo esta fadado ao fracasso, em uma sociedade cada vez mais consciente de que precisamos nos adaptar a uma nova realidade. E muitas vezes pensei: por que não utilizarmos a própria vocação de nossa cidade como marketing, para geramos negócios e atrairmos emprego?
Eu sou uma pessoa que veio do interior. Muitas vezes tenho até dificuldades para lidar com as palavras, mas estou procurando aprender. Temos uma equipe e eles me ajudam a colocar no papel o que sinto. Minha experiência sindical ensinou-me que precisamos, antes de tudo, trabalhar em equipe. Aceitamos sugestões para o nosso mandato, e, humildemente, sentamos para conversar. Em nosso mandato, ninguém é melhor do que ninguém, tenha ou não tenha diploma. Se por um lado, possa ter minhas limitações, como todos tem, isso não quer dizer que não tenho minhas idéias. Eu conheço como poucos a realidade dos municípios da região metropolitana. Também viajei para outros países e sei respeitar a cultura e o conhecimento das pessoas, quando olho outros exemplos de outros países, fico pensando: por que isto não daria certo em Campo Largo?
É minha a proposta, por exemplo, do turismo rural. Ao descobrir a grandeza da natureza do interior de Campo Largo, fiquei admirado e lembrei muito do interior, onde nasci: que grande potencial, e mal explorado, temos em nosso município. Em minha região, fico olhando o potencial turístico da bacia do Passaúna. Conversando com os mais antigos do meu bairro, pessoas ilustres, não só porque tem diploma, porque muitas vezes nem tem, descubro que D. Pedro II já passou pela Rua Mato Grosso. Os estudiosos me contam que era por Campo Largo, e pelo Ferraria, a primeira entrada para Curitiba para o Norte do Paraná. Nossa história é tão pouco conhecida, e quem não tem história não tem futuro. Por isso também, estamos pedindo o ICMS ecológico para nossa região e o município. Por que Curitiba tem que ficar com tudo. Curitiba já é rica, é o quarto maior orçamento do país, e nós?
Bom, mas sabem qual é o maior patrimônio da nossa cidade? Para mim são os seus moradores. Pessoas educadas, receptivas, boas e simples. Tão simples que as vezes são usadas por interesses politiqueiros. Por isso eu queria dizer da grande tristeza que sinto ao ver que nosso município não está aproveitando sua grande vocação.
Entre os primeiros que aqui vieram, falam aqueles que estudaram, estavam aqueles que procuravam o ouro. Não que não tivessem famílias boas em busca de emprego e riqueza, mas muitos não pensavam em ficar. Pensavam apenas em enriquecer e ir embora. Aqui também era o caminho dos tais tropeiros. Os que levavam as mercadorias para a capital. Hoje, vendo as muitas famílias mortas nas rodovias, todo final de semana, vítimas de atropelamento, lembro disso. Hoje, os tropeiros andam em caminhões e carros potentes. E também vejo que muitos utilizam Campo Largo apenas para enriquecerem. Não tem compromisso com seu povo e sua região. Eu graças a Deus, depois de muitos anos lutando, quando comecei como lixeiro de uma grande multinacional, tenho minha casinha, um carro que nem é meu, todos sabem aonde eu moro, conhecem minha família e meus filhos. Não tenho o que esconder de ninguém. E como eu fui atacado por querer o bem de Campo Largo. E fui atacado por quem? Por pessoal simples igual a mim? Não, fui atacado por jornalistas, por pessoas que se dizem estudadas, que menosprezam a simplicidade das pessoas. Fui ridicularizado, muitas vezes, pelas minha idéias e pelo meu jeito de brigar pelo que é certo.
Meus adversários dizem que sou de fora, porque não nasci aqui. No entanto, foi por nossa iniciativa que foi fundada a sub sede do Sindicato dos Metalúrgicos em Campo Largo, apostando no crescimento econômico do município. Está lá, e muito anos antes que eu fosse vereador, fazendo cursos de aprimoramento do trabalhador, apostando em nossa cidade.
Mas, infelizmente, por falta de planejamento e uma visão maior de nosso tempo, nossa cidade padece. Vemos que nossos administradores e muitos parlamentares ainda acreditam na busca do ouro: cuja extração deixa nossa terra cheia de buracos e serve apenas para os oportunistas. E o pior, as vezes são os oportunistas que nasceram aqui mesmo, mas nunca amaram esta cidade. Eu aprendi a gostar desta terra quando encontrei os moradores mais antigos que nasceram aqui e também muitos nortistas que, como eu, estão ajudando a construir o município.
Vejam os projetos que apresentamos: pedimos no Orçamento do Município dinheiro para as cooperativas de carrinheiros, porque vemos que estas pessoa simples estão mais preocupadas com o meio ambiente, do que empresas milionárias (que recolhem o lixo) de fora, que vem aqui só para ganhar dinheiro e não tem compromisso nenhum com Campo Largo. Hoje, o lixo pode ser uma fonte de renda. No entanto, a maioria dos parlamentares e o Executivo nos negaram isso. Agora, está ai o problema do lixo em Curitiba e Região Metropolitana, sem solução, porque a justiça anulou a licitação milionária do lixo. E nós cansamos de avisar o Executivo. Campo Largo tinha que se preocupar com o lixo sim, porque somos uma área ambiental. Tínhamos que nos unir com dois ou três municípios, e construir uma verdadeira usina que pudesse gerar até energia. Será que isto é impossível? Não, não é, basta planejamento. Eu vi isto em outros países. Nem precisava ser terminada nesta gestão, mas que se pensasse o município para daqui 15 ou vinte anos.
Por outro lado, o modelo de grandes empresas não funciona mais como a única opção de geração de empregos. Todas as regiões ficam pensando em grandes empresas. Todos querem grandes empresas. Mas porque não os pequenos negócios, as pequenas empresas, as empresas de artesanato, de reciclagem? Outros trazem empresas poluentes para nosso município, para gerar meia dúzia de empregos de salário mínimo. E os jornais querem nos atacar por isso. E perguntamos: e a nossa vocação para os produtos orgânicos, que são vendidos por preços tão altos? E nossa vocação para a pesca, para atrair turistas? Cadê o incentivo para estes setores? Aonde está um museu na Rua Mato Grosso, por exemplo, para atrair turistas para a Ferraria? Nós temos uma grande história por aqui, por que não aproveitá-la?
Ao invés de fortalecer a vocação natural de nosso município, o que estamos fazendo? Estamos mudando a legislação ambiental, como por exemplo a Lei Municipal que permite (contra a Legislação federal) construir postos de combustíveis a menos de 100 metros de escolas e residências. Flexibilizando as leis para permitir a instalação de indústrias poluentes para gerar poucos empregos, cuidando muito mal de nossos rios, permitindo o desmatamento de áreas de preservação permanente, mas não estamos dando a opção para um crescimento econômico sustentável, que poderia inclusive ser usado como marketing pela nossa cidade. Por isso insistimos nos projetos de regularização fundiária, para dar condições de ligações dignas de esgoto para as pessoas humildes, para que não se poluam mais nossos rios, para que não haja outras invasões nas margens dos rios...E o que eles fizeram? Negaram. Disseram que não existe dinheiro para isto.
E eu, que sou um homem do interior, tenho que dizer para estas pessoas que elas estão erradas. Será que Campo Largo só vai existir para uma geração de pessoas? Só para alguns prefeitos e vereadores?
Infelizmente, nossos políticos ainda estão com a cabeça na idade dos garimpeiros e dos tropeiros. Infelizmente, sou obrigado a dizer, muitos políticos de nossa cidade ainda estão na idade da pedra. Posso ser simples, mas tenho minhas idéias, sei ouvir quem estudou, e luto para colocar o que é certo em prática. Só não posso aceitar essa gente que estudou tanto, mas só utiliza seus estudos para beneficiarem a si mesmos e aqueles que não pensam no Município.
Posso ser uma pessoa simples, mas sei enxergar o futuro.

Nelson Silva de Souza (Nelsão)

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