domingo, 19 de julho de 2009

Entrevista: Nelsão desabafa: “Sempre fomos tratados como inimigos”

Esta semana o Jornal Impacto reproduziu matéria que está no Blog de Nelsão, que, diga-se de passagem, foi enviada para toda a imprensa. O Jornal Impacto trocou o título da matéria e mudou a ênfase. A idéia era fazer um resumo da atuação do vereador no que se refere às leis aprovadas na Câmara, por iniciativa do Executivo, que feriam a Legislação Federal . Mudaram o título de “CAMPO LARGO: PREFEITURA VAI TER QUE VOLTAR ATRÁS EM LEIS QUE FEREM LEGISLAÇÃO FEDERAL”, para “Vereador derruba Diária de Edson Basso”. Não era esse o tom do conteúdo da matéria, como se pode ler no Blog, que afirmou que os vereadores, de forma coletiva, impediram o aumento das diárias. Este era somente um dado a mais.
Em entrevista ao Blog do Nelsão, o próprio vereador faz um balanço de seis meses como vereador, a repercussão da pesquisa que o apontou como o vereador mais atuante de Campo Largo, suas relações com o Executivo de Edson Basso, com a imprensa local e seu posicionamento sobre a COCEL , a Câmara Municipal e o principal, a receptividade da população com relação a sua atuação como vereador.

Blog do Nelsão – Nelsão, afinal você faz ou não faz parte da base de sustentação do Prefeito Edson Basso?

Nelsão – Claro que faço, mas não sou vaquinha de presépio. Tenho um papel como vereador e tenho uma responsabilidade dobrada como o vereador mais votado do Município. Basta dar uma olhada nas votações, quantos projetos do Executivo nós aprovamos. E muitas vezes aprovamos, lembrando sempre ao Executivo, desde o início, que queríamos mais esclarecimentos, mais tempo para analisar e apresentar sugestões. Eu sou PMDB, estou com o governador Requião e com o nosso Pessutão, e tenho a posição de um pmdbista autêntico. Agora, temos que analisar quem é a base de sustentação do prefeito na Câmara. Qual acordo ele ou o seu grupo fez? Eu nunca vi uma oposição que sempre foi contra, tão dócil, e aceitando tudo sem questionamento, mesmo sabendo que existem lacunas nos projetos. Quais são os interesses meramente políticos e quais são os interesses públicos? Eu faço esta distinção. Ser da base do Prefeito não significa que não preciso alertar o Executivo, dar sugestões, não ter opinião e o que é mais grave, não ser ouvido pelo próprio Executivo. Eu acho que o método adotado de tentar jogar a população contra nosso mandato, e tentar nos desqualificar por sermos pessoas simples, do povo, foi uma estratégia errada de certos grupos que se dizem momentaneamente na “situação”. Acharam que não iríamos reagir, que iríamos ficar calados. Fomos tratados como inimigos, desde o princípio, apesar de termos sido o fiel da balança na eleição do Prefeito, por um compromisso partidário e também por entendermos que ele é o melhor para Campo Largo, até o momento, mas tem compromisso de campanha que precisa ser cumprido com o povo. Continuamos acreditando nisso e nossa base, que trabalhou na campanha, sabe o quanto nos empenhamos... Agora, se o Prefeito e principalmente seu grupo, que se diz da base aliada, não acha isso, se ficaram preocupados com o nosso crescimento ou acharam que, por sermos pessoas simples, não tínhamos “bala na agulha”, enganaram-se. Nós tínhamos e temos. Ao longo de nossa carreira sindical, construímos amizades, temos bons relacionamentos, e pessoas preparadas em nível estadual, nacional e até internacional...Nós ainda não fizemos oposição...não tratamos o Basso como inimigo...Fazer oposição, no meu entender é outra coisa. Nós sempre procuramos o diálogo...em todas as votações, pedimos: venham conversar, venham explicar...Nós só exigimos o respeito...!


Blog do Nelsão – O senhor reclama do autoritarismo do Executivo?
Nelsão – E não é só isso. Acharam que pela nossa falta de experiência, podiam nos engolir. Nos subestimaram. Por que o Regimento, e isto e aquilo. Claro, não nascemos sabendo. Mas fomos procurar ajuda. Tem muita gente ajudando nosso mandato, e isto só porque gostam da gente. Isso nós construímos durante nossa vida. Preciso de socorro, ligo para um deputado estadual, para um federal, ligo para alguém que possa me ajudar, não estou isolado...

Blog do Nelsão – Você não tem medo de represálias?
Nelsão – Sabe, de onde eu vim, enfrentando tudo na vida, tivemos brigas muito maiores do que essa. Vim, com minha família, como retirante, de uma pequena cidade do interior do estado, São João do Caiuá, com uma mão na frente e outra atrás. Construímos nossa vida trabalhando e fazendo o que é justo. Quando queriam privatizar a Copel, e os seguranças me seguraram, e sai arrastado do Plenário, fui atacado por toda a imprensa estadual. Em uma greve me acorrentei na porta da empresa. Vendi caldo de cana, trabalhei na roça...não fui criado com caldo de guarapa. Para ganhar a vida, vendi verdura, picolé, fui camelô e meu primeiro emprego com carteira assinada, foi de faxineiro, em 1980. Em nossa campanha, perdi meu pai em um acidente...Enfrentamos tudo isto para estar aqui e se o povo estiver do meu lado, eu não tenho medo de nada. Se armarem alguma coisa para mim, primeiro o povo não vai acreditar, porque me conhece, sabe que procuro fazer as coisas corretamente. O que podem fazer que já não fizeram? Cortar meus assessores? Podem procura na minha vida o que quiserem, me chamar disso e daquilo. Só que vão ter que agüentar as conseqüências...e o povo vai ficar do meu lado. Podem até querer me expulsar, cassar o meu mandato...o tiro vai sair pela culatra, porque eu tenho como reagir e como explicar ao povo o que está acontecendo. Nós estamos em Campo Largo para fazer a diferença, e não vou desistir nunca de fazer o que é certo. O povo nos elegeu para trabalharmos nesta linha.

Blog do Nelsão – E como você avaliou a pesquisa que o colocou como o vereador mais atuante de Campo Largo?
Nelsão – A população entende que não estamos apenas fazendo o jogo do poder. Hoje, Campo Largo precisa de pessoas que sejam a voz do povo. Os políticos só sabem atuar quando tem o poder na mão. A oposição em Campo Largo parece que acabou. Estão, por duas vezes seguidas sem mandatos no Executivo, ou foram cooptados. Na política agimos com coerência. Como é que pode? Antes, faziam oposição, e hoje estão dentro do poder, ganhando para isto. Hoje, nosso mandato, faz parte da base da sustentação do Prefeito, mas de uma forma diferenciada, discutindo coletivamente o que é melhor para o povo, e isto nos coloca em evidência. Não existe um lugar onde não existe quem discorde. O povo pensa: se o Nelsão está incomodando, é porque esta fazendo um trabalho sério, é porque não traiu nossos interesses. É neste espaço que estamos crescendo e se Deus quiser, vamos crescer ainda mais...Temos uma maneira diferente de fazer política, e o povo está entendendo isso. Você que elegeu seu vereador, peça a ele para explicar porque votou neste ou naquele projeto, porque liberou tal e tal quantia. Falar que foi falar com o secretário, este ou aquele, não significa que a verdade seja essa. Tem que comparar os números, ir atrás das afirmações, das Leis federais, de opiniões técnicas, não só ouvir o lado que tem interesse político no projeto.

Blog do Nelsão - Qual a sua opinião sobre a imprensa campolarguense?
Nelsão – Nós respeitamos os profissionais da imprensa que estão comprometidos com o verdadeiro jornalismo. O perfil da imprensa de Campo Largo não foge do perfil da imprensa no Brasil como um todo. Nós sabemos que existem profissionais sérios, que muitas vezes não podem dizer o que pensam, porque existem relações econômicas que os impedem. Mas sabemos que estão vendo nosso trabalho. Não temos nada contra. Mas também estamos preparados para nos defender dos ataques que consideramos injustos. O ou o governador Roberto Requião estaria totalmente errado quando questiona a grande mídia estadual e até mesmo em nível nacional? E quando o Requião levantou aqui a questão da Cocel. O Requião que tem sido o maior parceiro da administração, investindo no Município. Vocês viram algum jornal colocando os dois lados? Qual é a vantagem para os moradores, para os empresários sobre os dois pontos de vista? Alguém falou dos problemas da COCEl? Ou não tem problema nenhum? Ou não tem que melhorar? Então perguntem para as pessoas na rua...então façam debates...ouçam os dois lados. A imprensa fez isso? Reproduziu alguns questionamentos que levantamos no BLOG?

Blog do Nelsão
– O senhor poderia dar nomes aos bois?
Nelsão – Qual boi? Jornalista não é manada, e você como jornalista deve saber disso. Nós não discordamos entre nós mesmos? Tem muita coisa que vai no meu próprio Blog e eu não concordo. Mas eu sei ouvir as pessoas e se alguém me vence no debate, se a maioria do grupo decide, eu acato, isto entre os amigos, colaboradores. Eu fui atacado por um funcionário público, através de releases que foram enviados para a imprensa. Nos chamaram até de “bipolar” em plenário. O que nós fizemos? Processamos algum jornal? Expusemos pessoas e grupos em público? Pedimos comissão de ética? Não...não fizemos nada disso. Nós somos responsáveis, mas a irresponsabilidade tem limite. Quando acharmos que as coisas ultrapassaram os limites, reagiremos...e não reagimos somente aqui, em Campo Largo. Hoje, graças aos nossos colaboradores, temos condição de fazer uma notícia do município repercutir em nível nacional e até internacional. Ninguém usa estilingue para matar um elefante. Usamos a medida de força necessária. Se aumentarem o tom, aumentamos também. Estamos há 20 minutos de uma das capitais mais importantes do Brasil. Campo Largo não é uma ilha, as coisas mudaram, e alguns setores andam fazendo política como se estivessem na idade da pedra, com seus feudos, tratando o povo como bobo da corte. Vão ter que mudar, vão ter que aprender a respeitar as pessoas e os seus posicionamentos...

Blog do Nelsão - Como o senhor avalia a sua atuação no Legislativo e como vereador neste primeiro semestre?
Nelsão – No início tivemos algumas dificuldades. Mas depois descobrimos que as dificuldades não eram somente nossas. Vereadores com muito mais tempo de Casa, aprovaram leis que iam de encontro a Legislação Nacional. Quem assiste as sessões na Câmara vê isto, pelos pronunciamentos, pela postura, pelo entendimento das leis. Então, nós tivemos vitórias importantes: aprovamos os projetos do Executivo que achamos bons para a população. Liberamos recursos, verbas que achamos necessárias, mas fizemos observações. Exigimos a independência da Câmara, em muitos momentos. Então, o Executivo teve que voltar atrás no projeto que cobrava na conta da água, a tarifa do lixo. Afirmamos que era ilegal. Ganhamos. Depois veio a questão da Resolução do CONAMA, que diziam e ainda dizem, que não tem força de Lei. Vão ter que voltar atrás. Ou vocês acham que vamos entrar numa briga onde não temos certeza? Até pode...mas vamos procurar informações. Então., cumprimos com nosso papel, de fiscalizar, de apresentar emendas e projetos, requerimentos, de exigir os compromissos de campanha. E quem pode ser contra isso?


Blog do Nelsão – E como anda sua relação com os demais vereadores, com a presidência da Casa?

Nelsão - Claro que não somos perfeitos. Esses dias, o presidente da Câmara, Sérgio Schimidt, afirmou que “nós queríamos ensinar o Prefeito e a Câmara a Legislar” e não entendíamos do Regimento. Mas nos distribuíram um Regimento e não nos avisaram que tinha alterações. Aliás, as alterações não tinham nada a ver com o assunto tratado no momento. A pesquisa que nos apontou como o vereador mais atuante, é um reconhecimento do povo a nossa postura. Porque nós temos ido aos bairros, temos procurado falar com o povo. Eu acredito ter uma boa relação com os vereadores, trazemos subsídios, levamos informações para esclarecimentos, defendemos a Casa quando é preciso e também criticamos quando achamos que ela não está cumprindo seu papel. Muitos nos criticam porque usamos demais a fala. Mas e daí? Se nós não podemos falar na casa do povo, vamos falar aonde? Dizem que queremos aparecer, querem jogar o povo contra nós. Eu respeito todos os vereadores e vereadoras. Quando apresentam projetos bons, elogiamos. Quando, no nosso entendimento, estão votando sem critérios, também falamos. A regra serve para todos, para o Presidente da Câmara e para qualquer vereador ou vereadora. Esses dias elogiamos numa sessão o presidente Sérgio Schmitdt pela sua luta na área da saúde. Isso não quer dizer que somos aliados políticos. Isso quer dizer reconhecimento. Agora, o que não admitimos é que manipulem as pessoas, que se utilizem de artifícios para nos desmoralizar. Quando isto acontece, nós reagimos, e reagimos com a força necessária. Mas pessoalmente, não tenho nenhum inimigo pessoal. Isso fica no campo político. Só acho que estavam acostumados a um modo de fazer política onde quando se é “aliado”, tem que concordar com tudo. De quem discorda, cortam assessores, mandam mensagens pelos jornais, ameaçam através de indiretas. Esses dias um vereador falou que um vereador saiu preso em plenário. Isto, cheira à intimidação. Mas não estamos mais no tempo do prendo e arrebento, dos coronéis, do autoritarismo. O tempo deste tipo de política já passou. Estamos no tempo da democracia, do respeito às pessoas e aos seus posicionamentos. E o povo de Campo Largo, pode estar certo: nós não vamos curvar nossa cabeça. Não temos medo de ameaça ou cara feia, e vamos continuar trabalhando do mesmo modo que fizemos até agora.

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