sábado, 2 de abril de 2011

Para descontrair: o bom e velho Millôr Fernandes em Fábulas Fabulosas

O Jacaré e o Sapo
À maneira dos... chineses

O Jacaré e o Sapo nadavam em paz no Grande Lago Tsé-Chuin, quando o sábio Oi-Ti-Sin gritou da margem:

- Ei, Jacaré, o Tai-Kum acaba de decretar que de hoje em diante é permitido de novo matar e comer qualquer animal com rabo. Olha, vem aí o barco de xogum!

O Jacaré imediatamente pôs em movimento suas poderosas patas, gritando:

- Trepa nas minhas costas, Sapo, que eu te salvo.

Mas o sapo continuou nadando tranqüilo, dizendo:

- Ué, e eu lá tenho rabo? – e foi se aproximando, destemeroso, do barco de pesca, facilitando ser apanhado pela rede que os pescadores atiravam. E, ao se sentir preso, pôs-se a gritar:

- Me soltem, me soltem! Eu não tenho rabo! Eu não tenho rabo!

Mas o Jacaré, protegido por trás de uma pedra, invectivou:

- Nossas leis têm efeito retroativo, idiota! Você não tem rabo, mas teve, quando era girino.

MORAL: Quem já teve rabo tem que se prevenir.

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