domingo, 11 de abril de 2010

Jornalistas gaúchos (RBS e Band) acobertam corrupção

"Hunnn..."


April 8, 2010 – 9:54 am
Lendo o texto abaixo, você entenderá algumas razões pelas quais tantos casos de corrupção, principalmente durante o atual governo Yeda Crusius (PDDB), são abafados no Rio Grande do Sul.

Jornalistas como JOSÉ BARRIONUEVO (ex-RBS), FELIPE VIEIRA (BAND-RS) e FERNANDO ERNESTO DE SOUZA CORRÊA (jornalista e um dos maiores acionistas da RBS) são alguns dos inúmeros envolvidos.

Anexos no final do texto.

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Quando o Ministério Público Federal, em 15 de maio de 2008, apresentou à 3a Vara da Justiça Federal de Santa Maria (RS) a denúncia que resultou da OPERAÇÃO RODIN (Polícia Federal), responsável por investigar a fraude de mais de R$ 40 milhões no Detran-RS, alguns trechos aterrorizaram o altamente comprometido meio jornalístico do Rio Grande do Sul.

As páginas 52 (a partir do último parágrafo), 53 (primeiro parágrafo) e 56 (segundo parágrafo) da denúncia (imagens abaixo), o Ministério Público Federal (MPF) apontam que, durante todo o tempo em que a fraude do Detran-RS ocorria, havia grande “preocupação com a imagem dos envolvidos, busca de proximidade com o poder político e com a mídia”.

O MPF continua: “os denunciados integrantes da quadrilha não descuidavam da imagem dos grupos familiares e empresariais, bem assim da vinculação com a imprensa. O grupo investia não apenas na imagem de seus integrantes, mas também na própria formação de uma opinião pública favorável aos seus interesses, ou seja, aos projetos que objetivavam desenvolver. A busca de proximidade com jornais estaduais, aportes financeiros destinados a controlar jornais de interesse regional, freqüentes contratações de agências de publicidade e mesmo a formação de empresas destinadas à publicidade são comportamentos periféricos adotados pela quadrilha para enuviar a opinião pública, dificultar o controle social e lhes conferir aparente imagem de lisura e idoneidade”.

Desde então, nada mais foi mencionado publicamente a respeito.

*****

Entretanto, não muito tempo depois, os principais jornalistas políticos do Rio Grande do Sul tiveram acesso tanto ao relatório da Polícia Federal da OPERAÇÃO RODIN (que baseou essa denúncia do MPF), quanto ao relatório da OPERAÇÃO SOLIDÁRIA. Obviamente, as partes da documentação mais comprometedoras à classe jornalística nunca foram divulgadas ou comentadas.

A OPERAÇÃO SOLIDÁRIA teve origem na investigação de fraudes na terceirização do fornecimento de merenda escolar em Canoas, cidade da região metropolitana de Porto Alegre, durante a administração do prefeito Marcos Ronchetti (PSDB). A Operação acabou descobrindo diversas outras irregularidades em inúmeros outros setores e municípios. O desvio de dinheiro público estimado é de, pelo menos, R$ 300 milhões.

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Nas páginas 102 e 103 do Relatório Conclusivo da Polícia Federal sobre a Operação Rodin (imagens abaixo), a empresa BARRIONUEVO GESTÃO DE IMAGEM, do jornalista JOSÉ BARRIONUEVO, é apontada como responsável por atuar junto à empresa de consultoria Pensant, que coordenou toda a fraude no Detran-RS.

José Barrionuevo foi, durante 10 anos (de 1993 a 2003), responsável pela principal coluna de política do principal jornal do Rio Grande do Sul, a Página 10 do jornal Zero Hora, do Grupo RBS, afiliado da Rede Globo. Atualmente, a Página 10 encontra-se sob responsabilidade da jornalista Rosane de Oliveira. Barrio, como é conhecido no meio da comunicação, formou gerações de jornalistas gaúchos. Logo após seu desligamento do Grupo RBS, criou sua Barrionuevo Gestão de Imagem e passou a atuar na política.

O papel de José Barrionuevo na fraude do Detran era conferir uma imagem pública de idoneidade e lisura às empresas, às pessoas físicas e aos projetos relacionados com a fraude. Isso era feito, principalmente, através da compra da opinião de jornalistas, mediante pagamento em dinheiro.

Entre o material apreendido pela Polícia Federal na sede da Pensant, em Porto Alegre, encontram-se as bombásticas “doze folhas com pedaços de outras folhas grampeadas contendo escritos”. Nesse material estão “os rascunhos na folha final que podem ser associados aos cálculos da propina que tinha que ser paga ao governo” (imagem abaixo).

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Descobre-se, então, que o papel de José Barrionuevo é bem maior do que se imaginava, e que o ex-principal colunista político do estado centraliza toda uma imensa rede de corrupção da opinião e acobertamento das maiores fraudes do Rio Grande do Sul.

Sua função era fazer o “meio de campo” entre políticos e jornalistas que, em troca de dinheiro, emitem opiniões favoráveis sobre quem os contrata ou desfavoráveis sobre desafetos, geralmente omitindo fatos. O esquema – ainda em funcionamento – opera através das principais agências de publicidade e propaganda de Porto Alegre, que superfaturam e terceirizam serviços para clientes como o Banrisul – o banco estatal do RS – e diversos outros órgãos públicos (CEEE, Sulgás, Corsan, Caixa Estadual e DAER). A finalidade desse superfaturamento e terceirização é embutir a propina dos politicos e jornalistas através de um esquema aparentemente legal e com notas fiscais, muitas vezes realizado através da criação de empresas de fachada.

É adotando esse mesmo esquema, portanto, que José Barrionuevo também atuou como gestor de imagem ou responsável pelo “trabalho de mídia” para encobrir todo o esquema de fraude descoberto pela Polícia Federal na Operação Solidária (imagem abaixo).

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Entre os diversos jornalistas comprados para encobrir essa e outras fraudes está FELIPE VIEIRA, âncora do Band Cidade, telejornal noturno local da Rede Bandeirantes, e também apresentador de programas nas Rádios Band AM 640 e Bandnews 99,3 FM.

Na página 8 do volume II do Inquérito da Polícia Federal da Operação Solidária consta a transcrição de uma ligação de CHICO FRAGA – ex-secretário de governo de Canoas, atualmente indiciado por ser o articulador da fraude – para MARCOS RONCHETTI, ex-prefeito da cidade, avisando que o jornalista FELIPE VIEIRA ligará para entrevistá-lo, qual o conteúdo da entrevista, como será forjada a “participação dos ouvintes” e o que o prefeito deve dizer (imagem logo abaixo do diálogo):

“Quem chama: CHICO FRAGA
Quem atende: RONCHETTI

RESUMO
Chico avisa Ronchetti que Felipe Vieira vai entrevistá-lo as 15h e instrui o prefeito a responder as questões sobre o balanço financeiro do fim do ano. Chico alerta Ronchetti de que ele deve dizer que está aguardando financiamento, mas que ele não precisa falar do externo [financiamento] por causa do PAC.

TRANSCRIÇÃO:
R: alô
C: alô, já tá aí?
R: to chegando
C: três hora o FELIPE VIEIRA vai te ligar te entrevistando, tá?
R: tá bom
C: ele vai entrar te perguntando pra ti fazer um balanço, do ano a pauta é balanço do fim, do ano e projeção do ano que vem, tá?
R: tá
C: mais ou menos tu vai dizer que a projeção é terminar o mandando ..isso aí é conversa pra começar aquele assunto que nós conversamos ontem de noite tá bom?
R: mas falo em
C: não, escuta então, tu, ele vai perguntar como é que está o fim do ano tu diz vamo terminar vamos resolver as contas e tal, tu tá aguardando um pedido de financiamento não precisa falar no externo, por causa do PAC né, tá? aí depois ele vai falar contigo que ligaram pra lá os internautas e os ouvintes mandaram e-mail perguntando pra ele lá, a obra lá em CANOAS é do prefeito Roncheti ou do PTB, aí tu responde a obra é do prefeito Roncheti, teve a participação do PTB no governo teve e o secretário não pode usar, aí tu diz que o secretário não pode usar isso que ele era contra aí tu vai laight na coisa do mentiroso né, tá bom?
R: tá, ele vai me ligar pra onde?
C: ele vai ligar pra prefeitura, ou pro seu celular, o Ronei tá providenciando
R: tá
C: que ele ligou pra ti pra vê se tu podia, eu disse pode sim, tá bem?
R: tá tchau

***

Na página 112 ainda do volume II do Inquérito da Polícia Federal da Operação Solidária, consta a degravação de uma ligação em que novamente CHICO FRAGA, ex-secretário de governo de Canoas, liga para HNI (homem não identificado) para avisar que o jornalista FELIPE VIEIRA (Band-RS) tentou entrevistar o prefeito Marcos Ronchetti sobre denúncia de improbidade do Ministério Público. O HNI estranha, porque sempre teria conhecimento prévio do conteúdo das entrevistas feitas pelo jornalista Felipe Vieira. Ainda mais grave, segundo Chico Fraga afirma, é que a própria produção do programa de Felipe Vieira ignoraria esse acordo do jornalista com os envolvidos na fraude. O fato de a produção ignorar o acordo demonstra que a maneira de pré-combinar entrevistas era algo tratado pessoalmente com o jornalista Felipe Vieira (imagem logo abaixo do diálogo):

Quem chama: CHICO FRAGA
Quem atende: HNI

RESUMO
Chico diz que o Felipe Vieira estaria querendo entrevistar o prefeito dizendo que ele [Chico], o prefeito [Ronchetti] e o Zardonai teriam recebido uma denúncia de improbidade e pergunta se HNI sabia disso. HNI diz que não sabia e que o Felipe Vieira sempre liga para ele antes. HNI diz que vai falar com Felipe e retornar para Chico.

DIÁLOGO:
H – oi
C – oi
H – tudo bom?
C – tudo
H – diga
C – eu tinha te ligado aí agora no meu outro, no meu outro celular, tu sabe que eu tenho outro número, tu não recebeu uma mensagem aí?
H – bah nem li eu recebi uma mensagem faz uns três segundos eu acho
C – isso, um pouquinho antes
H – eu retornei a ligação não dava o telefone daí eu até achei estranho
C – hã?
H – eu retornei praquele número 81 alguma coisa
C – é mas não, não entrou
H – mas não completava dizia que o número não existia, não entendi
C – o negócio é o seguinte, o Felipe Vieira tentou entrevistar o prefeito agora, dizendo que eu, ele e o Zardonai recebemos uma denúncia do Ministério Público de improbidade, tu sabia disso ou não?
H – não, não sei nada disso
C – pois é fiquei impressionado
H – mas foi o Felipe ou foi a produção dele?
C – deve ter sido a produção mas, a produção não sabe
H – porque o Felipe sempre me liga antes quando tem essas coisas
C – não mas, a asessoria dele não passou pra ele, até porque é surpresa pra nós na medida em que nem nós fomos intimados disso, entendeu?
H – tá, é sobre uma improbidade administrativa?
C – é o Ministério Público Federal teria entrado com uma denúncia de improbidade
H – deixa eu falar com ele e eu te dou o retorno em seguida
C – vê se tu, é vê se consegue, diz que te ligaram de Canoas, nem diz que fui eu, que lá tá espalhada essa notícia lá em Canoas, e outra coisa, segundo, segundo, pode até ser alarme falso, mas segundo as pessoas até ele teria falado no ar, pergunta pra ele se ele sabe se ele falou ou não
H – é, eu vou perguntar, mas eu acho muito estranho isso
C – tá me liga aí neste
H – tá te dou o retorno em seguida

***

Mas não são apenas jornalistas de segunda classe, como Felipe Vieira, que estão envolvidos.

Outro exemplo pode se encontrado no registro da ligação telefônica de CHICO FRAGA para FERNANDO ERNESTO DE SOUZA CORRÊA, advogado e jornalista, para tratar sobre honorários para defesa em ação contra a SP ALIMENTAÇÃO, a empresa que controlou a fraude na merenda escolar de Canoas e diversos outros municípios.

FERNANDO ERNESTO DE SOUZA CORRÊA, além de advogado, é um dos maiores acionistas do Grupo RBS – Rede Brasil Sul de Comunicação. Segundo matéria do próprio Grupo RBS, Fernando Ernesto tem 45 anos de atividade na empresa. “Ele deu os primeiros passos na RBS como comentarista esportivo, em 1963, e tornou-se o braço direito do fundador da empresa, Maurício Sirotsky Sobrinho.” No final de 2008 – portanto, alguns meses depois de as operações da Polícia Federal terem sido deflagradas – Fernando Ernesto deixou o Conselho de Administração do grupo, permanecendo somente no Conselho de Acionistas (é um dos maiores acionistas pessoa física do Grupo, depois de membros da família Sirotsky).

Quem chama: CHICO FRAGA
Quem atende: FERNANDO ERNESTO

RESUMO
Chico afirma que para a negociação sair tem que ser tudo, metade não me serve. Fernando disse que Estélvio estava lá e concordou com tudo. Chico disse que ele é ingênuo e Fernando passa o telefone para Marco Antônio falar com aquele.

DIÁLOGO
CHICO: Oi FERNANDO
FERNANDO: Oi, estamos trabalhando, foi muito boa a reunião
C: Eu acho que fez uma reunião de merda, com todo o respeito!
F: Porquê?
C: PORQUE OS CARAS FIZERAM METADE DO NEGÓCIO, EU NÃO QUERO. É TUDO OU NADA, SE ALI ADIANTE OS CARAS DESISTEM DO NEGÓCIO E EU FICO FUDIDO, TU ME ENTENDEU?
F: Mas tu acha que eles desistem do negócio?
C: Ah! AMANHÃ VEM O CARA QUE MANDA, O DONO, TÁ BOM. EU LIGUEI PRA ELE AGORA E DISSE: TU MANDOU OS CARAS LÁ E ELES FORAM LÁ E NÃO TRATARAM COMIGO, ELES VÃO LÁ E TRATA E EU NÃO VOU FAZER NADA. EU VOU TRATAR, PRIMEIRO QUE ELES TEM QUE CONTRATAR ALGUEM DAQUI, NÃO ME INTERESSA SE É… OU NÃO, MAS TEM QUE SER DAQUI, O GODOZÃO, SÓ QUE TEM QUE SENTAR COMIGO, O QUE TEM QUE SER FEITO É EU QUE VOU FAZER, TÁ CORRETO?
F: Sim, mas eu imaginei que a presença do ESTELVIO tivesse referendando a tua ausência, tu ta entendendo?
C: NÃO, EU FIQUEI PUTO DA CARA, XINGUEI ELE, AGORA LIGUEI PRO CARA E ELE VEM AMANHÃ AQUI, TÁ? EU SÓ ESTOU TE LIGANDO PRA DIZER O SEGUINTE. EU PRECISAVA VER SE DE TARDE TU TEM ALGUM TEMPO PORQUE EU TO APERTADO NA PREFEITURA, VÊ SE TU PUDESSE PASSAR AQUI E EU E TU TRATAR DO FIFTY-FIFTY E AÍ, AMANHÃ QUANDO EU CHEGAR LÁ, TU DIZ UMA COISA, TU ME DIZ OUTRA E NO FINAL NÓS BATEMOS O MARTELO.
F: Não, olha aqui, eu não vou estar aqui amanhã
C: Puta merda!
F: Eu não entendi, porque olha aqui, da maneira como ficou, eles dividindo pela metade e eles contratando a segunda parte, vai ficar bom também ou?
C: MAS EU QUERO QUE ELES CONTRATEM TUDO, tanto é que eles acertem tudo, eu estou do teu lado, eu só que tu entenda isto, eu to do teu lado até para me proteger. Se amanhã eles ele dizem não, mas tu vê, agora nós vamos contratar lá e aí, foi isso que eu falei com o CAMPOS, a DESPESA tem que ser bem feita, tu entendeu não adianta só isso aí pra mim. E a DEFESA depois?
F: Não a defesa, eu to admitindo que nós vamos fazer a defesa deles também né?
C: Porque que já não contratou a defesa
F: Porque uma coisa tem urgência que é a suspensão da liminar e outra coisa é que eles não foram notificados ainda.
C: Mas então trata tudo, eles tem cópia de tudo, trata tudo. Eu falei com o diretor lá, o dono e ele disse eu vou aí, tu vê que o cara se dispôs a vim amanhã para resolver, zerar isso aí. EU NÃO QUERO, EU QUERO QUE ELES ACERTEM TUDO! NÃO ADIANTA LIMINAR? ENTENDER? SE OS CARAS LEVAM A LIMINAR E DEPOIS RESOLVEM FAZER POR LÁ, SE OS CARAS NÃO LEVAM E RESOLVEM FAZER POR LÁ? E aí?
F: O QUE EU VOU FAZER, A REUNIÃO DE ONTEM FOI ASSIM E O ESTELVIO ESTAVA POR LÁ E CONCORDOU COM TUDO O QUE ELES ESTAVAM FALANDO, né?
C: O ESTELVIO É UM POBRE COITADO!
F: A única coisa que fiz, que aconteceu foi que ELES fizeram uma proposta, fiz uma contra-proposta, disseram que pediram pra dividir que uma coisa tem urgência que a suspensão da liminar é urgente, que o outro ainda não foram notificados mas que vão nos contratar, agora, TU resolve como achar melhor CHICO!
C: NÃO, EU QUERO PEGAR QUE ELES CONTRATEM VOCÊS PRÁ TUDO, EU CONHEÇO ELES.
F: Ah.
C: Eu conheço eles. Depois lá adiante eles pegam e fazem a defesa por lá? E eu não quero!
F: Ah, fazer a defesa por lá nós temos fudido né?
C: Pois é, então?
F: Pois é mas acontece que ficou combinado que nós vamos fazer a defesa conosco aqui agora.
C: Não, o ESTÉLVIO me passou o seguinte? Que teriam combinado pra PRIMEIRA FASE AÍ, HONORÁRIOS E TUDO CERTO?
F: Hum.
C: E SE HOUVER A DEFESA JÁ TEM O COMBINADO MAS NÃO FICOU ACERTADO. Certo!
F: Não, não ficou documentado, quer dizer, eles nos darão a preferência de fazer a defesa mas não assinaram nenhum documento conosco como também não assinaram da primeira parte né? E como é que tu vai fazer então?
C: Não, ele vem amanhã, por isso que QUANDO ELE CHEGASSE EU QUERO PEGAR ELE E EU QUERIA IR CONTIGO E NÓS DOIS TA COMBINADO, OS HONORÁRIOS É “X”, É “X”, OS HONORÁRIOS SÃO ESSES. EU CHEGO COM MENOS, TU CHEGA COM MAIS E DAÍ TU CHEGA AONDE TU QUER AÍ, ENTENDEU?
F: Sim, mas acontece o seguinte, Tu mesmo não me dissesse que os caras tinham achado os honorários absurdo, que não iam fazer o negócio conosco por causa dos honorários?
C: Eu te disse que os caras acharam caro e eu mandei eles aqui falarem contigo? Mas eles ficaram de passar lá e conversarem comigo, não vieram. Aí eu liguei pro diretor, eu tinha combinado com ele? Aí ele disse não, os caras tinham que ter falado contigo, se não falaram contigo eu vou aí. Aí ele ligou pros caras e os caras disseram que não. Ele disse to indo amanhã de manhã cedo, to em Porto Alegre. Até agora que eu to falando contigo já deu duas chamadas dele. Eu vou ligar pra vê ele vai me dar o horário que ele vem. Não sei que horas tu vai viajar?
F: Eu vou viajar hoje de noite, o meu filho está de aniversário, mas o MARCO ANTÔNIO resolve isto aí, ele vai estar, eu vou deixar ele de plantão, tu manda ele.
MARCO ANTÔNIO: …eu vou ta aqui, já to no escritório, já to direto aqui. Hoje de tarde eu vou falar com o IRINEU MARIANI, vai sair o ofício hoje para GRAVATAÍ/RS.
C: É?
MA: Vai sair hoje não tem dúvida.
C: MARCO ANTONIO eu quero ir aí por que eu tava dizendo pro FERNANDO vim a CANOAS. Os caras são muito malandro, tu já viu, eles, claro, vocês fizeram lá em cima, vamos chegar onde é justo, temos que fechar o pacote todo. Não pode ficar aqui como o FERNANDO fez aí, não sei se tu tava junto ontem ou não?
MA: Tava, tava. Não ontem não eu tava hoje.
C: Ontem os caras tiveram aí fizeram a proposta seguinte. Primeiro vamos tentar uma liminar lá pra derrubar. Eu não quero fazer isso separado, porque os caras levam a liminar, reativam o contrato. Eu conheço eles! Passam a usar o jurídico deles! E aí eu fico complicado a defesa, porque eu tenho o tenho o RICARDO CUNHA MARTINS o doutor JADER mais outro lá e TU, entendeu? É um conjunto.
MA: Evidente.
C: Então eu não quero, o que eu to defendendo é vocês e o meu lado também.
MA: Claro, tá certo.
C: Senão os caras vão embora, vão embora, e fazem lá depois que nós tiver a liminar, não quero, eu quero que eles contratem todo o serviço.
MA: Todo o serviço ta bem.
C: Aí o diretor da empresa, o presidente da empresa ta vindo pra sentar conosco amanhã. Nós temos combinado o seguinte, ao mínimo que tu chega pra fechar o pacote.
MA: Claro, ta bem.
C: AÍ TU DEIXA NUM PAPEL ESCRITO AÍ ASSIM, QUANDO ELES CHEGAREM EU DO UMA OLHADA, EU VOU JOAR BEM BAIXO, TU VAI JOGAR PRA CIMA, E AÍ QUANDO CHEGAR NO NÚMERO EU JÁ SEI QUE É AQUELE NÚMERO QUE TU ESCREVEU, TU ENTENDEU?
MA: Ta bom.
C: Nós vamos ensaiados aí, mas eu vou com o cara amanhã de manhã!
Despedem-se

Comentário do analista:
A conversação mantida entre CHICO FRAGA e os advogados FERNANDO ERNESTO DE SOUZA CORREA e MARCO ANTONIO versam sobre a definição de honorários de uma ação que envolve os investigados e empresas fornecedoras de
merenda escolar provavelmente a “SP ALIMENTAÇÃO”. Isto se conclui face o fluxo de diálogos interceptados envolvendo a recepção de ESTELVIO e aos diretores daquela, bem como a reunião havida entre estes e aqueles profissionais, ora mencionada por CHICO. Fica claro que FRAGA não abre mão de que sua defesa também seja custeada pela empresa, ora demonstrando que “o todo” deve ficar estabelecido no contrato.
* FERNANDO ERNESTO DE SOUZA CORREA, é sócio-administrador da CORREA & BECKER ADVOGADOS ASSOCIADOS, CNPJ 05.738.805/0001-50, detendo participação societária em grande parte do Grupo RBS, televisão, rádio e jornais.
** A posição subalterna de ESTELVIO SCHUNCK com relação a CHICO mais uma vez é evidenciada, entretanto sua vinculação direta aos diretores das empresas do setor também se confirma, até mesmo participando e reuniões como emissário de FRAGA.

***

E você acha que isso é tudo? Não é nem a décima parte.

***
ANEXOS

1) Denúncia MPF sobre Detran

Relatorio_final_PP055_09_R02_Band_Nacional

2) Relatrio Conclusivo PF – páginas 102 e 103 do Relatório Conclusivo da Polícia Federal que embasou a denúncia do MPF sobre a Operação Rodin:
Relatrio_Conclusivo_DPF-Rodin102103

- envolvimento da Barrionuevo Gestão de Imagem, que teria centralizado o “projeto da Pensant em controlar a mídia”

3) Inquérito 2741 – VOLUME I do Inquérito da Polícia Federal da Operação Solidária, p. 79:

Inq. 2741_Vol. I79

- José Barrionuevo é apontado como responsável pelo “trabalho de mídia” para encobrir a fraude na merenda escolar em Canoas, investigada pela Operação Solidária.

4) Inquérito 2741 – VOLUME II do Inquérito da Polícia Federal da Operação Solidária, páginas 8 e 112:

Inq. 2741_Vol. II8e112

- p. 8: Chico Fraga, ex-secretário de governo de Canoas, liga para Marcos Ronchetti, ex-prefeito de Canoas, avisando que o jornalista Felipe Vieira (Band-RS) ligará para entrevistá-lo, qual o conteúdo da entrevista e o que o prefeito deve dizer.

- p. 112: Chico Fraga, ex-secretário de governo de Canoas, liga para HNI (homem não identificado, mas provavelmente trata-se de José Barrionuevo) para avisar que o jornalista Felipe Vieira (Band-RS) tentou entrevistar o prefeito Marcos Ronchetti sobre denúncia de improbidade do Ministério Público. O HNI estranha, porque sempre teria conhecimento prévio do conteúdo das entrevista do jornalista Felipe
Vieira.

5) Inquérito 2741 – VOLUME IV do Inquérito da Polícia Federal da Operação Solidária, páginas 24 a 27:

Inq. 2741_Vol. IV24a27

- ligação de Chico Fraga, ex-secretário de governo de Canoas, para Fernando Ernesto de Souza Corrêa, advogado (Correa e Becker Advogados Associados) e, antes das últimas mudanças no quadro societário (2006, antes do grupo do Ermínio Fraga entrar no negócio), era dono de 4,39% da RBS, sexto maior acionista da empresa, quinto maior acionista pessoa física e segundo maior acionista pessoa física fora os três membros da família Sirotsky (http://www.cade.gov.br/plenario/Sessao_403/Relat/14-Relatorio-AC-2006-08012-8790-ANoticia-ZeroHora-PRADO.pdf).Tratam dos honorários para defesa em ação contra a SP Alimentação, a empresa que controlou a fraude na merenda escolar.


Fonte: http://naodeunojornal.wordpress.com

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